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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Karasu




Acordei jogado no acostamento da estrada com as roupas rasgadas e cabelo raspado, próximo a um pequeno hotel.

Caminhei até a recepção do estabelecimento, pedi um quarto e alguns maços de cigarro. O atendente não ousou questionar absolutamente nada enquanto Chris Isaac tocava no velho rádio ao fundo.

10 cigarros seguidos e não faz uma hora que estou no quarto branco de cortinas cinza, dividindo- me entre a dúvida e a resposta.

Resolvi tomar uma ducha e só então percebi o furo no peito, talvez produzido por uma arma de fogo, porém indolor.
Meus sentidos pediram demissão e já não espanto- me com a face fúnebre no espelho do banheiro. Perdido nas horas, perdido no tempo, vida...

No primeiro tiro não apaguei, em seguida outros tantos disparos no decorrer dos dias, contudo ainda estou em pé.

Esse talvez fosse o segredo para estar vivo. O castigo do pecador é ser obrigado a viver?

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