Vou rezando baixinho com o coração acelerado, virado ao avesso,
sentindo você arrepiar- se com minha mão gelada em sua nuca enquanto sussurro
uma nobre declaração nunca antes proferida aos seus ouvidos.
Aos poucos jogo seus medos nos cantos do quarto, faço
promessas absurdas, navegando nos seus pensamentos sem radar, pronto para mudar
sua história.
Seus olhos fecham- se, entregues aos meus cuidados, reféns
de meus sórdidos e irracionais desejos, certos de que em boas mãos se
encontram.
Vou deslizando a mão em seu corpo de forma suave enquanto
ele se contorce como resposta, é quando me asseguro de estarmos certos e
suados, porém totalmente perdidos e possuídos por um desejo absoluto de amar.
A chuva chegou, posso ouvir as gotas tocando o telhado,
batizando a noite em que descobrimos o amor em sua forma primitiva.
Você adormeceu em meus braços, seu rosto possuía uma aparência
leve e sóbria, abençoada por natureza, sem temor algum.
Ao som da chuva como trilha, seu cheiro espalhado nas
paredes e seu gosto que persistiu em minha boca, adormeci aos pouco ao seu
lado, transbordando do meu mais puro amor, sem pecado algum...