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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Espírito meu





Subi aos céus e em um cobertor imenso de nuvens desvendei o seu Oasis.

Oculto eram seus pensamentos e seus olhos viajavam distantes no mapa de estrelas que a contemplavam aquela noite.

A luz provida da lua tocou sua pele como uma oração de fé toca os ouvidos de Deus, sua paz ocupava a rede a qual repousava sobre a guarda de anjos.

Não era mãe ou filha, era mulher de cabelos negros e livres que movia- se com o balançar da rede e a vaidade dos ventos.

Com olhos de menino, profanei suas cores, curvas, percorri cada centímetro possível de suas formas como noite de maré cheia onde o mar toma por inteiro as areias da praia e toca a orla.

Ela desapareceu como miragem e passou a existir como ferida no peito, o que posteriormente se tornaria uma suave cicatriz na qual me deleitei ao despertar...


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Alguns Prazeres




Atrás deste muro guardo o meu passado, meio copo de whisky, fotografias e uma boa canção.
Acordo atordoado com meia dúzia de palavras, um olhar perdido no tempo, procurando meus vícios para apaziguar essa atmosfera incandescente que habita em meu interior.

Andei em silêncio nos acordes do violão, sóbrio e certo que algo mudaria toda a rotina que por instantes me confunde dizendo ser intocável, mesmo em tais condições, resta-me a fé e seguir por ela.

Viajo na poesia que existe através da janela do ônibus, dirigindo a melodia conforme o jeito calmo com que as folhas se movem sobre as ordens do vento, independente dos desejos do clima.


Vou chegar e sorrir como o dia em que encontrei os teus olhos e esquecer subitamente a existência de qualquer muro, multiplicar em mil vezes as minhas palavras e para a vida toda largar meus vícios.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Duelo





Os mesmos sonhos que couberam no bolso da velha jeans rasgada, encantaram seus olhos como um menino ao olhar o mar pela primeira vez.

Certo ou errado, a religião não ousou responder,  porém você seguiu a interpretação dos homens.
Temor a Deus?  Não... Não era em nome de Deus que a espada desejou o sangue quando apontada sobre nossos corações.


Vamos colocar as cartas na mesa e apostar o pouco que nos resta, certos de que ao sentir a lamina da derrota nos perfurar, será algo mediano e parcelado em outras tantas vezes. 

Vamos ensaiar um lindo pedido de desculpas, pois destruímos as nossas vidas e comparamos tamanha devastação a um simples pisão no pé.

domingo, 14 de setembro de 2014

Um erro, caneta e papel






O café ocupou a caneca assim como suas palavras haviam ocupado a casa inteira.
Manhã de indiferença e chuva para regar essas malditas palavras, essas que congelam qualquer resistência, outro novo minuto que você pudesse voltar atrás.

Gostaria de agradecer o sorriso, dividir sua dor, subestimar suas convicções de maneira que sua boca não pudesse devolver.


Não lamentarei o empenho, jamais buscarei as causas ou qualquer explicação espiritual, física e social para tanto desprezo, apenas permitirei que as folhas recebam o verão, inverno e tantos outonos que seguiram sem que volte a macular essas terras com seus pés.