Escadas longas e estreitas, paredes escuras como a noite e
uma luz vermelha que incomoda aos olhos. Um sorriso próximo convida- me para o
caos.
Não paguei as entradas, a bebida manteve a mão direita
ocupada o tempo todo enquanto as luzes coloridas ofuscava a visão entorpecida,
uma dimensão paralela e frenética contagia o corpo cansado de um dia cheio,
convencendo a prosseguir.
Gente estranha cruzando em uma vida oposta e singular, sorrisos vazios, nublados como a
noite que corria próxima do fim.
Ouro branco, cigarros baratos e um dólar, o poema genérico
reescreve o poeta, alguém que acordou, mas perdeu a hora e ninguém notou ao
fim. O próprio pecado travestido de homem, corrompido por uma lama que
impregnou os olhos e o cegou.
Cheio de vaidades, a própria liberdade em escolher o caminho
de fato o limitou, e agora em um lugar sozinho alguém repousa ao lado distante
e anestesiada, confiou- me a própria segurança como quem descobre um fio de fé
sobre o mais perverso coração.
Irei a acordar e sair pela porta da frente, esquecer o que
aconteceu aqui, pois não lancei promessas e o tempo apressa o passo de quem não
coube permanecer em lugar algum.
O dia inicia seu compasso e algum tempo depois já não recordo-
me a noite ou os rostos, sorria e seguia o instinto, certo que a melhor opção
era continuar assim.