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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Com os Anjos Chorei





Hoje, com os anjos chorei.

Recolhi os enganos no caminho que deixou como herança em troca de meu amor.

A mácula em seu coração lhe retirou a humanidade, a visão.

Cada gesto simples sucumbiu em sua memória, deixou sua alma vazia, logo preenchida pela cólera.
Meus olhos ainda molhados se encontraram com a face de Deus e no mesmo instante existiu paz em meu coração.

Deus revelou a imensa ingratidão que habitava sobre aquele coração que hoje ensaia uma paz abortada.
Logo “compreendi que o pecado jamais será menos para os que possuem o título de “Homem de Deus” comparado aos  ”Homens do Mundo”, ambos possui a mesma proporção, porém a gravidade para os homens de Deus se estende, a eles foi chegado o conhecimento.

Abri meus olhos e chorando agradeci a Deus por minha vida e ele entregou algumas palavras em meu coração.

Durante o caminho será difícil, haverá buracos, desvios, porém lhe darei graça para continuar caminhando e quando sua vitória chegar virá reto e não existirão lacunas a serem preenchidas.



                                                             

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Coragem



Depois de longos 15 anos, o destino escreve uma bela canção para Aline.

As quatro rodas do carro guiadas por mim, direcionavam- se para o aeroporto, Aline partiria durante aquela tarde de novembro e talvez nunca mais a encontrasse novamente.

O amor por ela nasceu em meu coração puro de criança, uma vaidade da vida, percorreu os anos, calado, mas prosseguiu até o momento em que já adulto tal sentimento ressurgiu como um trovão dentre as nuvens, despertou no exato momento em que os olhos castanhos de Aline encontraram os meus.

Aline viajaria para a França em busca de uma nova vida, seu coração partido por mais uma derrota desejou recomeçar a sonhar em outro continente. Prontifiquei- me a leva- La para  o seu destino, mesmo que meu coração apertado resolve- se odiar- me por isso.

Iniciamos nosso trajeto, sua duração arrastaria meus nobres sentimentos por longas duas horas de viagem. Aline, aparentando estar triste, embarcara no veículo enquanto seu pai alocava as malas no bagageiro do carro e eu  preparava um bom discurso.

Logo estávamos na estrada, Aline afundava sua alma na música que saía de seus fones de ouvidos e eu procurava a coragem e um bom momento para desfazer- me das palavras presas na garganta.
Sempre fui um homem covarde quando se trata de declarações de amor, jamais arrisquei ir longe por receio de me ferir, de fato nunca me feri, porém assisti a dor daqueles que um dia mataram parte de si por um sentimento que deveria trazer a felicidade e a vida.

O caminho ficava curto a cada segundo, a cada quilometro rodado, a covardia evidentemente me dominava ainda mais. Aline já havia retirado os malditos fones de ouvido e agora contemplava a paisagem, o que eu estaria esperando? O discurso estava pronto, mas qualquer tentativa de tirar por um simples momento os meus olhos da estrada e iniciar um pacato diálogo eram frustrados por um medo absurdo de entrar em um caminho que não teria mais volta.

Estamos chegando à metade da jornada quando Aline quebrou o silêncio mórbido do veículo, ela contava sobre seus planos, procurava minha atenção, meus olhos, desejava uma resposta, alguma opinião, algo mais que os gemidos que eu produzia e que aprovavam tudo que ela dizia deixando a entender um imenso desinteresse por seu destino.

O céu estava limpo sobre aquele início de tarde enquanto o turbilhão de emoções consumia a mente e meu pobre coração, Aline havia se calado ao notar a linda lagoa próxima a estrada e não iniciou um novo discurso desde então.

Restava pouco mais de 40 minutos até chegarmos ao aeroporto ou a minha total loucura interna, a boca reagia estupidamente em palavras desconexas, formando frases ignorando o singular e o plural enquanto Aline escondia um sorriso de menina com toda a situação constrangedora. Notei que tanto tempos juntos e um pouco de coragem renderam uma breve discussão sobre nossas vidas, todavia não foi o suficiente para que eu pudesse em fim dizer a simples frase  “eu te amo”.

Logo chegamos ao destino final e o embarque de Aline abriria em instantes,  ela saiu apressada do carro segurando algumas malas e logo atrás eu seguia seus passos com o restante da bagagem.

Após toda a burocracia para o embarque, a linda Aline vai em direção ao seu portão de acesso, passa próxima a praça de alimentação e apanha um guardanapo na mesa, faz algumas anotações e em seguida pede para que eu a acompanhe até o seu portão. Em sua despedida, agradece a carona e o esforço para com a bagagem, por um segundo senti suas lágrimas em meu rosto quando ela o  tocou com seus lábios, foi quando lembrei do discurso e tomei coragem para recita- ló, mas era tarde demais, logo após o beijo de Aline, ela partiu para pegar seu voo antes que minha voz pudesse reagir e chama- La pelo nome.

Meu coração estava em pedaços enquanto assistia o avião de Aline partir diante dos vidros que separavam a pista e a praça de alimentação do Aeroporto, lágrimas escorriam de minha face e marcavam a camisa azul que vestia aquela tarde.

Procurei me recompor e apanhar um lenço no bolso da camisa quando ao sacar o pedaço de tecido, um papel estranho caiu do bolso sobre o chão, rapidamente o peguei do chão e logo notei que se tratava do mesmo papel que Aline havia feito suas anotações, abri o guardanapo e lá estava escrito:

“Esperava que 2 horas sozinhas contigo fossem o bastante para que você pudesse dizer o que eu esperei ouvir durante estes 15 anos, mas creio que ainda não foi o momento certo. Este é meu telefone na França xxx-xxxx, me liga quando esta hora chegar, será o dia mais feliz destes 15 anos”. “Te amo Luís”!





quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Arte Abstrata





Seu sangue doce manchava o tapete da sala, em nenhum momento hesitei em ataca- La quando a oportunidade surgiu diante de meus olhos.

Seus olhos assustados como o primeiro golpe, ecoaram na sala quando seu fôlego se fez ausente. Você estava bela como a chuva que regava nosso jardim naquela noite, o vestido branco que usava deu lugar a cor do amor junto a suas lágrimas, a televisão ligada, tocava algo suave, aparentava determinar o ritmo de seu fim e dosar o sorriso em meu rosto diante da certeza do ato.

Deitei seu corpo no tapete já consumido de sangue, a chuva ficara mais intensa, debrucei- me ao seu lado para apreciar seus últimos suspiros. Ela estava gelada, sua pele pálida contornava o chão da sala, olhava distante, aceitando os fatos.

Por fim ela se foi, a mão sobre o ferimento ensaiava estanca- ló, os lábios que um dia proferiram palavras de amor, entregava- se ao branco pálido de sua pele, as pernas semiflexionadas que um dia caminharam por essa estreita estrada do amor, agora fazem parte de uma obra prima ao qual o autor nada mais é que seu próprio marido, porém ainda não a terminei...

A dose de veneno era certa, o frasco do líquido aguardava no braço do sofá, restava apenas executar o detalhe primordial, a dedicatória, logo em seguida consumirei o veneno.

E assim foi...

Quando a polícia encontrou os corpos, notou que o artista plástico John abraçava sua mulher e que um dos braços da moça apontava para a parede onde John deixou sua última mensagem escrita com sangue.

“Entre todas as obras que criei absolutamente nada se comparou a você cujo autor é nada menos que o criador”.

“Entre todos os amores que vivi absolutamente nada se comparou ao nosso, logo decidimos nos casar”.

“Entre todos os erros que cometemos absolutamente nada nos matou tanto quanto sua traição”.