Translate

quarta-feira, 27 de julho de 2016

As Estrelas Nunca Estão Dormindo





Os miseráveis falam de amor segurando suas migalhas com as duas mãos,  atrasados para embarcar em seu voo cujo o destino é uma estupidez qualquer entre o trago e o gole de uma bebida barata.

Procuram o equilíbrio escorados em um poste, ridicularizam sua condição em promessas ausentes de fundamento, desconstruídos em um monólogo ao qual o tema é o que lhes resta no peito.

O gelo queima tal como o fogo, o corpo insiste em seguir desorganizando os passos, o gosto amargo manifesta o estado frágil que antecede o ápice de um enjoo.

O ranger da porta oferece segurança, o casaco logo encontra o chão e passa a ser parte da decoração enquanto caminha para a cama.

O teu repouso inicia ao passo que o mundo ousa despertar.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Senhor Enkeli






Ela dançava descalça no meio da sala, crente que estava ao centro de seu coração, amando o nobre e misterioso Senhor Enkeli.

Ela caminhou para a beira do mar, enterrou seus medos na areia e aguardou a maré subir afim de carrega-los para longe das margens.

O senhor Enkeli vende suas promessas, faz de sonhos alheios sua órbita. Ao fim diz nunca ser o satélite ao seu amor, o centro indicado nada foi além de uma ponte cujo o fim é seu abismo.

O senhor Enkeli diz tocar seu rosto como nunca antes outro, mas encanta ao tocar a  pluralidade de outras faces aprisionadas a ele, sobre seu denominado e reservado amor, o mesmo que entregará ao chão os joelhos de outra iludida mulher, este amor que cobrará por pouco e causar imensa devastação em outra oportunidade.

Senhor Enkeli vai partir, deixar seus rastros por todos os cantos, para que você recorde por toda a casa. Vai voltar e certificar- se em ti sobre o feito, viver o que não lhe pertence. Seu ciclo não fala de amor, abomina o que por ocasião deveria possuir, contudo ele busca indiscriminadamente  determinar sua capitania, seu jogo de tensão o faz dominar e vencer custando a outra parte o preço de um crime ao qual ela foi a vítima.

Ele permanece longe, aguarda o momento em que a sombras que a convenceram antes sejam eficazes em tempos atuais, aplica seu jogo desonesto e agridoce de um amor que ele não acredita sobre um pretexto qualquer, encobrindo sua vaidade em controlar, onde sentimentos não são parte comum.


quinta-feira, 21 de julho de 2016

Depois das Dunas






O rosto aplica as formas do tempo, as incertezas molda os dias e um bom motivo o faz levantar em outra manhã.

Entre circunstancias negativas, modificamos a ocasião de uma chuva não prevista em um batismo nas águas, estamos próximos de Deus e não o reconhecemos.

Estranhos e ausentes, sucumbimos em incompetência, chegamos onde a vida permitiu, onde passamos a negociar as promessas feitas ao passado, diante de outros olhos, aguardando uma autorização divina para a felicidade.

A saudade é o seu deserto, para sobreviver deve- se retirar o que não lhe é útil, atravessar imensas dunas com o que é necessário é por toda vida uma questão de sobrevivência e parte desta passa a pertencer ao montante de areia sob um céu muitas vezes puramente azul.


O vento trata de desenhar as nuvens e encanta os olhos cansados enquanto o sol puni com temperaturas insanamente altas, regredimos ao ponto zero, iniciando sua jornada com uma indagação para ao término apenas agradecermos forjados e limpos e pisar onde é santo outra vez.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Ágata





No Palco, o poeta canta o amor, desconstrói nossa fragilidade sobre sagrado prazer com sua individual maestria, absorve o encanto da plateia que reproduz as palavras despidas de pudor acompanhada de uma melodia suave.

Os bolsos da jaqueta obstruiu o frio da noite, contudo foi incapaz de esconder suas lágrimas e a beleza da ocasião onde sua alma encontra em uma canção o grato conforto ausente por tanto tempo.

O sorriso compreendia seu papel e preenchia a lacuna entre os segundos que antecedia a próxima 
música. Seu perfume difundiu entre cada individuo cujo o motivo de estar presente compõe a beleza do espetáculo, causa-me indescritível necessidade de proteger- te, assegurar que este coração não fragmente em sua outra obsessão por partir.

Entre a fogueira, luz e fumaça encontro seus olhares, vou colidindo com sua dor, encontrando seus abraços, oferecendo o refúgio necessário ao seu coração, retribuindo o encanto ao castanho da Iris, moldando milimetricamente o seu rosto ao secar suas lágrimas, preservando a imagem da situação como o pintor ao deparar- se com a inspiração de sua obra.

O desenrolar da noite descreve a mulher cujo o pecado é amar, desmembra sua dor com cirurgia poética, tornando evidente sua fragilidade e proporcional a sua força como quem busca sobreviver a insanidade de uma tempestade em alto mar, assegurando proteção aos frutos que lhe é sagrado.


Ao fim saímos exaustos, embriagados de transcendental magia, caminhando passos imortais como Deuses de nosso mundo, repletos de uma sensação incapaz de equivalente descrição, plenamente vivos como criatura divina, abençoados por outro amanhecer

domingo, 3 de julho de 2016

Antes do Fim do Mundo




O oceano era belo e pleno,  mas a vida contida no cobertor de águas desapareceu.

Havia 3 rosas em um vaso ao lado da cama, todavia o motivo ao qual elas foram entregues foi apenas um.

O peito pratica oposição aos interesses da vida.

A voz grave fragmenta a compreensão doce das palavras.

A cor azul do dia não colore o cinza de uma cidade qualquer projetada em uma tela escondida na sala.

As pernas doem, o coração dispara sem motivo.

O meio dia é inspiração para meio verso, furtando metade dos 25 escrevendo teorias desastrosas de amor.

O pesadelo dorme enquanto o sonho inicia seu despertar.
Um texto que nunca terminei por medo, promessas ao final do ano como alguém comum, um amor perdido e outro perdido de amor, o cigarro que não fumei, o café que não terminei de fazer, o armário que jurei concertar depois do almoço, a vida em teorias histéricas produzidas por um receio profundo de aplicar.