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domingo, 2 de abril de 2017

O Amor e a Roda Gigante






Qual seria o perigo? Seus olhos não me abandonaram o dia inteiro e estar em seu quarto é em parte confiança, não foi nada sobre certo ou errado, a primavera passou rápido e escondemos o nosso tempo para nós.

Por uma questão legal ela deveria partir, a vida não era apenas sobre nós, por mais que rejeitássemos a realidade, o confronto em algum momento não seria leal ao fim.

A ausência em palavras não é semelhante ao peso de vive- La, o trem continua guiando seus passageiros ao destino, sinto fome, peço um drink e entre o meio tempo de cada tarefa ela aparece em algum lugar em meu dia. Ao início ainda encontro o seu perfume entre um objeto da casa, escondido em uma roupa e quando descoberto leva- me ao encontro diante de nossos desencontros.

O reencontro inicialmente era questão de tempo, mas o tempo entre ele foi imprevisível.  Lidar com a distancia é uma crueldade sem fim, são duas forças opostas conflitando dia após dia até que uma reina sobre a realidade e esse foi o nosso lento e tortuoso fim.

Era uma noite comum, saia do trabalho e distraia- me em um Pub próximo de casa, mas algo mudou minha rotinha, foi como um click em um espaço de um pensamento aleatório, como uma fúria veio todo o sentimento por ela sem meu consentimento e morrendo de uma saudade avassaladora  entrei em contato.

Depois de muito tempo, lá estávamos nós, cumprindo as nossas vontades, matando cada desejo apertado em seu coração, suprindo os medos e angustias calados por uma distancia irreal e profunda que herdamos da vida, prontos ao recomeço de sonhos e planos. Tudo parecia bem, o relógio de nossas vidas voltou a funcionar, porém algo interrompeu a alegria em igual proporção. Aconteceu algo enquanto estava longe?

Algo morreu no quarto, os dias seguintes não contaram com a minha presença, o amor estava ali domado por um decepção talvez injustificada, foi incontrolável, não foi possível disfarçar e retornamos para nossas rotinas e vidas diferentes em um acordo de paz.

Seguimos em frente, alguns anos se passaram e outra história iniciou em seu lugar, era o correto e ninguém questionou, tudo caminhava bem e entreva nos eixos como resultado de nossas escolhas, porém uma ligação inesperada calou- me por horas, era ela colocando tudo que eu senti no passado como um flash, convencendo- me que algo muito maior ainda viria ao nosso encontro, estávamos ligados ao laço do destino e compreendemos que não era possível nega- lo. O que vivemos em curtos espaços de tempo realmente foi incomum e surpreendente e desde o fim nada foi semelhante, foi tudo que alguém poderia desejar de fato viver.

Por uma segunda vez, abandonei tudo onde vivia para reencontra- la e de fato viver o que decidimos ser o nosso futuro, construir o maior e os melhores anos de nossas vidas, estava na mesa e era a hora de vive- los como nunca, e esse sim foi o maior erro de todos...

O caminho até ela inundou os pensamentos, por cada quilometro percorrido aguardei viver o sentimento antes indescritível, desenhei sonhos em papel e determinei todos os passos para os próximos 50 anos de vida. Caminhei até a saída do aeroporto, preparado para recebe- la em meus braços e morar em seu coração onde jamais deveria antes fugir, porém minha surpresa foi assustadora.


São os mesmo olhos, a mesma boca inquestionável, sim, era ela de fato, mas quem eu estava esperando? Um véu constrangedor abraçava- nos neste instante, a reação de ambos foi parar e tomar um café em busca de segurança e assim iniciamos um diálogo frio e questionador. O tempo passa e a vida molda individualmente cada pessoa, o que vivemos foi lindo e qualquer outro homem cometeria esse mesmo erro para vive- lo novamente, todavia não contamos que o mesmo tempo que guardou nossa história seria o carrasco de uma realidade diferente a qual idealizamos. Em algum lugar do tempo ainda estamos juntos, entretanto hoje somos estranhos com uma história para contar, o tempo mudou ambos, os planos e sonhos esquecemos em algum lugar, o pensamento diverge e compreendemos sim, somos nós, contudo não é onde desejamos estar.

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