Roberto Roma era um estudante de medicina, 23 anos, morava
em uma república com mais 3 estudantes de engenharia. Durante o dia, Roberto
trabalhava em uma lanchonete para pagar parte dos custos de uma vida
universitária e durante a noite frequentava as aulas.
Roberto escondia uma história de amor trágica em sua vida,
aos 20 anos estava prestes a se casar, era questão de dias até consumar os
votos, no entanto algo terrível aconteceu com sua noiva, à moça jovem sofria de
uma doença na qual os médicos não puderam detectar e em pouco tempo ela veio a falecer, um dia antes do casamento. Desde então Roberto se dedica em seus estudos para
se tornar um profissional da medicina.
Tarde da noite, poucas pessoas caminhavam pela rua e Roberto
concluía seu trajeto até o Condomínio onde morava, o edifício era antigo, porém
desde que a universidade chegou para a cidade, os futuros alunos procuravam se
abrigar em repúblicas criadas por imobiliárias, o Edifício Sinatra era o que
Roberto poderia pagar até então. Roberto abriu o portão e cumprimentou o vigia
da noite e rapidamente seguiu para o hall dos elevadores, distraído pelo
desgaste de um dia duro de trabalho e estudos, apenas escutou uma voz alta
pedindo para segurar o elevador, mas Roberto não atingiu o feito.
Durante a amanhã começaria toda a rotina novamente, Roberto
saía do apartamento onde morava para o seu trabalho, esperando o elevador
chegar, notou um som de passos descendo as escadas, ele achou estranho para um
condomínio onde a maioria das pessoas eram senhores de idade que geralmente
nunca usaria escadas em apartamentos acima do 7 andar, logo o dono dos passos
havia se aproximando pelo som que aumentará,
porém o elevador chegou antes e Roberto espantou sua curiosidade e
adentrou ao equipamento, foi quando a voz da noite passada voltou a pedir para
segurar o elevador. Roberto foi feliz na tentativa e o equipamento parou, logo
entra o dono dos passos nas escadas, era uma moça, aparentavam possuir seus 20
anos, cabelos escuros, negros como a noite, dona de olhos profundamente claros,
não foi possível desvendar a cor exata, aqueles olhos podiam ver a alma de
Roberto que não disfarçou a surpresa e fixou seus olhos aos dela, a jovem moça
era um presente de Deus aos olhos de um homem, as linhas do rosto desenhadas a
lápis por um artista em sua plena inspiração, o corpo de mulher se confunde em
seu jeito de menina, um turbilhão invade o corpo de Roberto quando a hipnose
foi quebrada pela jovem dizendo:
-Bom dia!
Roberto se sentindo um babaca devido a cena, respondeu
timidamente:
-Bom dia!
O elevador começa a descer os andares e a linda moça
encostada em um das laterais do equipamento, não parava de olhar para Roberto,
parecia retribuir sua primeira atenção, logo o elevador chegou e a moça saiu
aos risos, Roberto esperou alguns segundos e saiu em seguida, ainda mais crítico
sobre o seu comportamento.
O dia quente de uma sexta feira havia terminado, Roberto
seguiu sua rotina e voltava do trabalho durante a noite, chegando ao condomínio
esperava encontrar a linda jovem, porém isso não aconteceu.
Roberto passaria o fim de semana em sua cidade natal, no
interior do estado, logo quando adentrou ao apartamento, organizou seus
pertences em uma mochila e pela manhã partiria.
Um dia de sábado chuvoso nasce na cidade, eram 6:30 da
manhã, Roberto trancou o apartamento e seguiu até o elevador que aguardava no
andar, ele estranhou o fato e quando abriu a porta, deu de cara com a linda
jovem olhando para ele, Roberto quase sem ação sussurrou um bom dia tímido, ela
seguido de um sorriso respondeu o mesmo. Roberto estava inexplicavelmente feliz
em vê- La, mas antes que pudesse ensaiar algo para falar sem disparar algo
estúpido, o elevador havia chegado ao térreo e a moça saiu para o hall, ele se
sentindo frustrado seguiu distraído até que esbarrou na moça que esperava a
chuva parar.
A jovem diz:
- Você é sempre distraído assim?
Roberto tomado pela emoção responde:
- Só quando tomo os meus remédios.
E os dois se combinam em risadas imediatas.
Roberto pede desculpas e pergunta o nome da Jovem, ela
responde com sua voz doce:
- Helena...
Roberto se apresenta e inicia um diálogo natural sobre o
tempo, Helena fala e demonstra desinteresse sobre o evento que teria sua
presença e pergunta para onde ele iria tão cedo, Roberto explica sobre sua
viagem até sua cidade natal, Helena escuta com tanto interesse as palavras que
saem quase escondidas da boca de Roberto e subitamente o interrompe:
- Vai encarar essa chuva?
Roberto tomado por um tom comediante responde:
-Creio que nem o Aquaman entraria nessa onda.
Os dois caem em uma risada íntima e Helena joga as cartas:
- Eu aluguei alguns filmes, já que você não vai encarar essa
chuva, vamos para minha casa assistir algo? Não vai adiantar nada você ficar plantado
aqui.
Roberto não ousou estranhar ou recusar o convite e os dois
seguiram até o apartamento da moça.
Roberto assiste a chave de Helena girar na porta e observa o
número 74 do apartamento, a porta abre e Helena entra puxando ele pelo braço e
pedindo para sentar no sofá, ela pega os filmes e pede para ele escolher enquanto
a moça faz algo na cozinha para os dois. Ele olhava para os móveis antigos e
questionava o gosto de Helena, os equipamentos modernos contrastavam com coisas
de quase dois séculos atrás, mas Helena chega e distraí Roberto como sempre. O
tempo passou e o filme havia chegado ao fim, Helena não falou nada no decorrer
do Best Seller, alguns sorrisos que acompanharam cenas hilárias, porem o
silêncio foi tatuado em muitos minutos, Helena havia pegado no sono, o rapaz
pegou a mochila e foi para seu apartamento.
Roberto ficou em casa, a noite havia chegado e não
compensaria viajar no domingo devido à distância, ele não acreditou no que
viveu hoje, Helena era simplesmente um espetáculo de beleza e um cara como ele
jamais iria viver algo assim.
Era tarde da noite, Roberto estava sozinho no apartamento,
seus companheiros de república foram passar o final de semana na casa de seus parentes
próximos, o silêncio do local quase morto acentuava os sentidos, ele resolve
abrir uma garrafa de vinho tinto, coloca a taça sobre a bancada e inicia o
ritual solitário, a cada gole do vinho, os inesquecíveis olhos de Helena pairavam
sobre a memória de Roberto e assim dormiu no sofá ao lado de meia garrafa de
vinho e um único pensamento.
Domingo pela manhã já não chovia mais, um lindo dia de sol
nasce na cidade, Roberto acorda ainda tonto, pois não costumava beber, o apartamento
estava com as janelas abertas e o aroma da cozinha anunciava a presença dos
colegas de quarto, ele estranha o fato, pois era certo de que todos voltariam
durante a noite de domingo então foi verificar quem havia chegado em direção a
cozinha, Roberto pede desculpas para os rapazes por dormir no sofá, porém ao chegar
no comodo, Helena cozinhava e sorria pelo ledo engano do rapaz dizendo:
-Eu sabia que eu era bonitinha, mas me confundir com um
homem é novo para mim.
Roberto ainda assustado pergunta como ela entrou no
apartamento, Helena explica que a porta havia ficado aberta durante a noite e
ela estava preocupada, pois pegou no sono e quando acordou ele não estava mais
lá, Roberto não se lembra de ter deixado a porta aberta, mas como ele havia
bebido, não era muito seguro confiar em suas lembranças. A moça segue em
direção a ele e abraça-o perguntando se havia dormido bem, Roberto surpreso com
a ação diz que sim, mas desconfiava das ações da mulher, Helena notando a
tensão da situação, se aproximou de Roberto novamente, olhou no fundo dos seus
olhos e disse:
-Está tudo bem meu amor...
Inexplicavelmente uma calma toma conta do corpo de rapaz,
tudo era novo para ele, Helena era a mulher mais linda do mundo aos olhos de
Roberto, se tratava de uma hipnose instantânea, ele dançava na música que
Helena desejasse tocar. Os colegas de república de Roberto chegaram mais cedo,
cumprimentaram Roberto, mas ele não respondeu, saiu do apartamento e pegou o
elevador.
Roberto sentia o perfume de Helena, sentia a pele quente da
moça sem ao menos toca- La, ele havia perdido o foco, noção de tempo, Roberto
só queria estar mais perto de Helena, possuir seu corpo, consumar os seus
desejos, seu amor repentino por aquela mulher.
Roberto sobe com a jovem no elevador até o apartamento dela,
Helena pega em sua mão e o leva correndo para a varanda, Helena corria rápido e
Roberto apenas se concentrava em segui- La, Helena chama o nome de Roberto e ele
olha para frente, Roberto estava rápido, viu Helena se aproximando da sacada
com muita velocidade, tentou alça- La antes que ela caísse,parou
repentinamente, Roberto tentou frear os passos, mas o corpo não obedeceu, o homem ultrapassou a
sacada e caiu do apartamento. No chão, Roberto agonizava ao lado da portaria, o
vigia chamava a emergência apavorado, Roberto olhava para o banco do Jardim e
Helena estava lá, com um cigarro acesso, pernas cruzadas, assistindo o seu fim.
Roberto nçao resistiu aos ferimentos...
Segundo as investigações da polícia, o apartamento de onde
Roberto caiu era o de número 74, estava vazio no momento, depoimentos revelam que
a família não o ocupou devido a um crime ocorrido 9 anos atrás com dois ocupantes do
local, eles eram Helena Gonzaga Moura e Roberto Gonzaga Sales, ambos eram
casados, o arquivo do caso revela um homicídio, Helena Gonzaga jogou seu marido
do apartamento, desceu para vê- ló morrer e logo em seguida, já no apartamento disparou
contra a própria cabeça, a família da moça disse que os motivos da ocorrência seria
uma suposta traição do chefe de família. Helena sofria de depressão e tomava remédios
controlados devido ao seu transtorno de humor e sua agressividade.
A locatária do imóvel diz não conseguir alugar o apartamento
a muito tempo, inclusive mobilhou para facilitar aos estudantes que chegavam à
cidade, mas não ouve êxito, os motivos são desconhecidos.
Relatos dos amigos de Roberto descreveram que antes dos
acontecimentos, Roberto parecia estar hipnotizado, ergueu seu braço e foi em
direção ao elevador, depois só o encontrou estendido no jardim.
A polícia não encontrou vestígios de um segundo participante
na cena do crime e fechou o inquérito do jovem Roberto Roma com a conclusão de
suicídio.