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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Terceiro Céu


Seu rosto, próximo e iluminado como um milagre, contemplado por uma noite de lua, contra os efeitos do tempo.

Seus olhos procurando estrelas com os seus desejos em voltar para casa, desimpedidos ao demonstrar amor, breves como o vento que chega e parte para outro lugar.

Seu corpo proclama seu espaço, possuindo uma única cor, semelhante ao mais belo céu que encontrei em outro ano. Singular em suas medidas, desconstruindo os pensamentos em gestos bruscos e uniformes como quem dança o som da liberdade outra vez.

Os lençóis registram  suas curvas, rouba minúsculas partes marcando o tecido desgastado, Friccionando a pele  entre as linhas, absorvendo a coreografia de suas loucuras tal como o figurino compõe a ideia de um personagem, rasgando o véu do tempo em  ritmos histéricos e constantes.


Surge ao cair da noite e parte antes dos raios de sol, sem culpa ou saudade e retorna em outra lua com alguma nova dor, volta por amor e um pouco de vaidade.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

As Estrelas Nunca Estão Dormindo





Os miseráveis falam de amor segurando suas migalhas com as duas mãos,  atrasados para embarcar em seu voo cujo o destino é uma estupidez qualquer entre o trago e o gole de uma bebida barata.

Procuram o equilíbrio escorados em um poste, ridicularizam sua condição em promessas ausentes de fundamento, desconstruídos em um monólogo ao qual o tema é o que lhes resta no peito.

O gelo queima tal como o fogo, o corpo insiste em seguir desorganizando os passos, o gosto amargo manifesta o estado frágil que antecede o ápice de um enjoo.

O ranger da porta oferece segurança, o casaco logo encontra o chão e passa a ser parte da decoração enquanto caminha para a cama.

O teu repouso inicia ao passo que o mundo ousa despertar.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Senhor Enkeli






Ela dançava descalça no meio da sala, crente que estava ao centro de seu coração, amando o nobre e misterioso Senhor Enkeli.

Ela caminhou para a beira do mar, enterrou seus medos na areia e aguardou a maré subir afim de carrega-los para longe das margens.

O senhor Enkeli vende suas promessas, faz de sonhos alheios sua órbita. Ao fim diz nunca ser o satélite ao seu amor, o centro indicado nada foi além de uma ponte cujo o fim é seu abismo.

O senhor Enkeli diz tocar seu rosto como nunca antes outro, mas encanta ao tocar a  pluralidade de outras faces aprisionadas a ele, sobre seu denominado e reservado amor, o mesmo que entregará ao chão os joelhos de outra iludida mulher, este amor que cobrará por pouco e causar imensa devastação em outra oportunidade.

Senhor Enkeli vai partir, deixar seus rastros por todos os cantos, para que você recorde por toda a casa. Vai voltar e certificar- se em ti sobre o feito, viver o que não lhe pertence. Seu ciclo não fala de amor, abomina o que por ocasião deveria possuir, contudo ele busca indiscriminadamente  determinar sua capitania, seu jogo de tensão o faz dominar e vencer custando a outra parte o preço de um crime ao qual ela foi a vítima.

Ele permanece longe, aguarda o momento em que a sombras que a convenceram antes sejam eficazes em tempos atuais, aplica seu jogo desonesto e agridoce de um amor que ele não acredita sobre um pretexto qualquer, encobrindo sua vaidade em controlar, onde sentimentos não são parte comum.


quinta-feira, 21 de julho de 2016

Depois das Dunas






O rosto aplica as formas do tempo, as incertezas molda os dias e um bom motivo o faz levantar em outra manhã.

Entre circunstancias negativas, modificamos a ocasião de uma chuva não prevista em um batismo nas águas, estamos próximos de Deus e não o reconhecemos.

Estranhos e ausentes, sucumbimos em incompetência, chegamos onde a vida permitiu, onde passamos a negociar as promessas feitas ao passado, diante de outros olhos, aguardando uma autorização divina para a felicidade.

A saudade é o seu deserto, para sobreviver deve- se retirar o que não lhe é útil, atravessar imensas dunas com o que é necessário é por toda vida uma questão de sobrevivência e parte desta passa a pertencer ao montante de areia sob um céu muitas vezes puramente azul.


O vento trata de desenhar as nuvens e encanta os olhos cansados enquanto o sol puni com temperaturas insanamente altas, regredimos ao ponto zero, iniciando sua jornada com uma indagação para ao término apenas agradecermos forjados e limpos e pisar onde é santo outra vez.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Ágata





No Palco, o poeta canta o amor, desconstrói nossa fragilidade sobre sagrado prazer com sua individual maestria, absorve o encanto da plateia que reproduz as palavras despidas de pudor acompanhada de uma melodia suave.

Os bolsos da jaqueta obstruiu o frio da noite, contudo foi incapaz de esconder suas lágrimas e a beleza da ocasião onde sua alma encontra em uma canção o grato conforto ausente por tanto tempo.

O sorriso compreendia seu papel e preenchia a lacuna entre os segundos que antecedia a próxima 
música. Seu perfume difundiu entre cada individuo cujo o motivo de estar presente compõe a beleza do espetáculo, causa-me indescritível necessidade de proteger- te, assegurar que este coração não fragmente em sua outra obsessão por partir.

Entre a fogueira, luz e fumaça encontro seus olhares, vou colidindo com sua dor, encontrando seus abraços, oferecendo o refúgio necessário ao seu coração, retribuindo o encanto ao castanho da Iris, moldando milimetricamente o seu rosto ao secar suas lágrimas, preservando a imagem da situação como o pintor ao deparar- se com a inspiração de sua obra.

O desenrolar da noite descreve a mulher cujo o pecado é amar, desmembra sua dor com cirurgia poética, tornando evidente sua fragilidade e proporcional a sua força como quem busca sobreviver a insanidade de uma tempestade em alto mar, assegurando proteção aos frutos que lhe é sagrado.


Ao fim saímos exaustos, embriagados de transcendental magia, caminhando passos imortais como Deuses de nosso mundo, repletos de uma sensação incapaz de equivalente descrição, plenamente vivos como criatura divina, abençoados por outro amanhecer

domingo, 3 de julho de 2016

Antes do Fim do Mundo




O oceano era belo e pleno,  mas a vida contida no cobertor de águas desapareceu.

Havia 3 rosas em um vaso ao lado da cama, todavia o motivo ao qual elas foram entregues foi apenas um.

O peito pratica oposição aos interesses da vida.

A voz grave fragmenta a compreensão doce das palavras.

A cor azul do dia não colore o cinza de uma cidade qualquer projetada em uma tela escondida na sala.

As pernas doem, o coração dispara sem motivo.

O meio dia é inspiração para meio verso, furtando metade dos 25 escrevendo teorias desastrosas de amor.

O pesadelo dorme enquanto o sonho inicia seu despertar.
Um texto que nunca terminei por medo, promessas ao final do ano como alguém comum, um amor perdido e outro perdido de amor, o cigarro que não fumei, o café que não terminei de fazer, o armário que jurei concertar depois do almoço, a vida em teorias histéricas produzidas por um receio profundo de aplicar.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Stella






Algo esteve errado por tanto tempo, a mentira que Stella pensou proteger- la, hoje aprisiona seu coração. Não coube na régua, o ideal foi distantes como as pontas de seus dedos tentando alcançar as estrelas.

Daniel é o último da fila, aguarda sobre qualquer circunstância, enquanto Stella escolhe outro sorriso para retribuir, aposta seu coração em outro jogo certa que desta vez não existe outra alternativa se não a vitória.

Daniel aconselha, protege e distribui uma doçura imensurável e em meio a sua dor Stella o procura ao fim de outro erro.

 Daniel não encaixa embora a medida seja exata, ele não existe mesmo abraçando seus pecados enquanto o restante a repudia diante de seu fracasso. A bondade deste homem lhe faz nova outra vez e logo Stella retorna ao início de sua extensa fila, todos esse olhos famintos voltam suas garras para a menina cujo o coração assemelha- se ao de Deus.O rapaz permanece em fila, seja qual for o seu número ou o temporal que castiga o ambiente.

Stella nunca compreende Daniel, ele sempre possuiu a certeza sobre algo contido na moça que até o momento outro homem não soube desvendar.O coração de Stella  não mede justiça, em suas fila existe as prioridades e o rapaz cada vez mais distante vive entre suas escolhas e sua dor como o padre do fiel e seu pecado.

Daniel observa aqueles que abandonam a fila, entre os que permanecem, um outro homem lhe joga uma piada, caçoa de sua condição, disserta sobre sua tolice comparando  ao mais estúpido homem em solo terrestre, mas nada é absorvido ao coração.


Stella vive um diálogo com sua fita métrica, ela convence seus olhos para outra hora congestionar o peito de uma nova dor, para que o nobre rapaz venha iluminar tuas vestes e lhe redimir de seus fracassados modelos de amor, condenar- se aos círculos medindo tudo com a sabedoria irracional de um animal cujo o valor é retirado de um instinto. Ela vive a certeza que sempre Daniel estará na fila, mas hoje ele não foi...

terça-feira, 14 de junho de 2016

Eva









O vento congelou a emoção e o horizonte cortou ao meio a luz da tarde que partia quando o escuro resplendor de nuvens que consigo espalhou o véu da noite encontrava nossos olhos.

Nossos passos seguiram abençoados e decididos por não macular este momento, dispostos a desvendar os inalcançáveis segredos do amor em um mais profundo oceano de desencontros.

A indecisão foge ao peito, parece não encontrar o medo que alimente seu estado, subitamente corre para longe de nossos corpos como um animal selvagem recua ao homem hostil.


Seguimos sonhando e transbordando a paz em distancias semelhantes as nuvens  sobre nós, como quem acredita na eternidade de nossa existência, como quem insiste em permanecer amor enquanto deixa de existir.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Entrelaçados







Suas unhas desceram suavemente por cada vértebra, tatuando minha pele com os seus instintos, preservando o mais primitivo calor entre dois corpos até a total exaustão.

Entre formas opostas, entre extremos nos encontramos ao centro, usufruindo do íntimo desejo de viver, contestando qualquer regra terrestre entre a cama e o teto, onde as paredes não serão capazes de nos julgar.

As mãos trocam conhecimento, desliza sobre os corpos em um tango argentino de raiz, honestas em nossa geografia e sedentas por encontrar o ápice de nossos desejos.

O encontrar de corpos transporta- nos para outra realidade acima de qualquer pecado ou santidade, onde não existe o receio de viver.

Aos ouvidos ecoam os sons do quarto, a música encontra  sua identidade  entre os ruídos de nossos gestos  e o som do relógio ao lado da cama, orquestrando cada novo movimento, cada nova promessa de felicidade, cada novo amanhecer em que revigora nossos votos.

As imperfeições desligam- se a um novo tocar de lábios, sobre a reação instintiva  de encolher- se  ao encostar em sua nuca, ao encontrar nossos sonhos abrigados em outro espasmo que lhe faz sorrir e desejar mais de cada décimo de segundo em que nos embriagamos deste ritual.

Ao fim chegamos aos céus, completos, expostos e indestrutíveis para em outro momento queimar novamente.



quarta-feira, 18 de maio de 2016

Chuva no Ocidente





Ameacei chover, desejei voltar para as águas do sertão que tanto amei. Pensar que fui água que matou sua necessidade, pensar que fui a quantidade que lhe afogou.

Especula minha partida, espera por outra estação, quando de fato faço- me em pedaços aos poucos como chuva em um fim de tarde anunciando o  verão.

Afano suas palavras ao me notar como oceano, acompanho seu barco ao ocidente de seus sonhos. Em parte fui lágrima que desprendeu de seus olhos, outrora fui onda que absorveu.


Trago vida em minha existência, lavo outra vez seus olhos irrigados de decepção, sou o som que em seu telhado faz a música que conforta em uma noite chuvosa, mas morre de amores por um sol que tão pouco fez por ti

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Lia




O vento envolve seu corpo, intensifica seu perfume por toda a casa, contempla a tua vida por todos os cômodos como um plano de Deus, alia- se ao sol que te aquece como uma flor em um jardim, permite que teu sorriso multiplique e transborde entre tantos outros sorrisos,  reescreve seus olhos e  boca de maneira que o tempo não seja capaz de desfazer, contorna sua face com cores que me colocam sob a incapacidade de descrição, hipnotizam meus olhos como um sonhador diante de seu sonho.

Os cabelos cacheados e multicor mantém minha atenção em condicional, vivos e extensos, modelados com os movimentos do seu corpo, exalando por onde passar um perfume único, doce como nunca antes notado em qualquer outro jardim que passei.

A pele espalha os teus registros, os sinais pontualmente escolhidos por Deus, desenhos que fazem de você arte viva, porções exatas de células que unidas lhe fazem unicamente a melhor parte sobre tudo que existe e vive.

Tua voz repercute aos ouvidos, o som ecoa sobre as paredes e encontra- me ao fim, arrepia o corpo entorpecido, causa desordem sobre o real e espiritual.

Quando se vai, leva metade, reparte outro pedaço meu, jamais por malevolência, distante é você de qualquer maldade.  Parte que leva é amor e ainda não sabe.

sábado, 14 de maio de 2016

Meia Luz





Perdi a hora e os sapatos procurando as chaves e os cigarros, entre tanta lucidez, mal fui capaz de explicar como cheguei aqui.

Enterrei um parente e um cachorro enquanto velava uma história de amor que de fato nunca amei. 

São meia dúzia de portas abertas e dentes brancos sorrindo sob uma valsa estrangeira que por outro lado faz sorrir.

Recuso algo para beber e fumo minhas besteiras suplicando redenção por cada absurda conclusão que chego, rezando baixinho para que desta vez eu esteja errado sobre cada uma.


O dia corta o breu da noite, o café suspende o efeito do álcool, a dor repele os artifícios sobre o amor. Amor é papo para outro cigarro, uma dose para um coração no sense em outro peito, em outra vida

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Cigarros e Alice



Encontrei- me obrigada a costurar os retalhos até o fim da noite pois estava certa que esta curva seria onde tua boca encontraria a minha.

Traguei teu rosto com os olhos e não percebi a chuva que escorria sobre a janela do bar. Escapou o momento que você deveria abraçar- me apaixonadamente, ignorando a mesa de carvalho, os copos vazios e estáticos no redondo objeto de madeira respeitando a gravidade sobre eles estabelecida.

Quantos poetas seriam necessários para descrever tua saudade? Saudade essa que nega enquanto engole indiscriminadamente outro drink e repousa teus braços novamente sobre a mesa. Saudades que mesmo ausente de visão encontraria no céu de sua boca ou até mesmo abraçaria ao som de sua voz.

Contraindo cada músculo do corpo, escutando atentamente e sem duvida alguma o quanto não serei importante em sua vida pois passaram- se horas e estou exatamente em direção aos seus olhos e você discursa inflamadamente sobre como não ama o amor, atirando uma aleatória e conflitante mistura de sentimentos que definitivamente não é capaz de lidar, uma saudade em um peito magoado travestida de indiferença.

Pago a conta e ensaio abandona- lo na mesa. Seus olhos grandes indagam meus movimentos, todavia antes que o pobre rapaz pudesse interferir em minhas ações, digo:

  - Saudade não mata, saudade não morre, saudade tem seu lugar no peito e respeito isso, porém tua saudade sentou hoje para acompanhar- me, brindou a liberdade que não desejou, abraçou e sufocou qualquer outra nova oportunidade de contraria- lo, Tornou a mesa o centro de sua tempestade e o mundo ao redor a catástrofe em curso de sua revolta, traduzindo quem lhe ouvia como vítima de sua dor e isso foi desleal por fim.

terça-feira, 8 de março de 2016

Hyve

                                 





Planejei uma história extraordinária, um dia com sol que não arde a pele, flores e paz ao alcance da alma, mas sobre a simplicidade de um dia comum, teu olhar seguro ousou pintar algo profundo e novo como nunca imaginei viver.

Você observa o mundo em movimento através de sua janela, procurando algo bom ao teu coração, ele toca sua música lhe fazendo sorrir, preenchendo o que se faz ausente no peito.

Ninguém notou, mas o que sentes na alma faz tanto sentido que por um instante foi confuso a maneira com que seus olhos refletiram  os meus, a boca procurando a palavra que mudaria a tua vida, o único gesto que transformaria qualquer inverno em tua primavera particular.


O relógio indica a hora correta, aguarda pacientemente o despertar de seu repouso, distorce o tempo para não interromper seus sonhos, ensina- me a esperar o momento cuja a vida irá propor a sua felicidade, o tempo onde seus braços serão presente nos meus abraços por fim.