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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Outro Lugar





Ao longe aparentava ser o mar, porém minha solidão vestida de águas pregou outra de suas traquinagens.
A jovem apontava para o céu e dizia:

- Siga o sol...

Então segui em direção a luz, todavia ela partiu mais rápido que meus pés.

Caminhava na escuridão quando a dor e o silêncio se tornaram blocos imensos e pesados de aço, logo escolhi deixa- los para trás.

Quando tentei dormir, a culpa dos pecados, antes perdoados, retornaram das cinzas e aos pensamentos do coração, a trama foi arquitetada antes que o sono chegasse.

Ao longe era constantes os gritos, palavras de ordem lançadas ao que parecia se tratar de escravos.

Um tiro disparado em direção as dunas cortará a escuridão do céu como uma rocha de fogo cruzando o espaço e penetrando a atmosfera do planeta, a visão turva do local banhado em um imenso breu diabólico deixava os músculos paralisados de pavor, os olhos se fecharam e de forma incontrolável fui jogado ao solo

Esse foi o pequeno relato de Pedro, logo após sua recuperação, ele permaneceu em coma por 106 dias, quando despertou, atordoado, relatava sua vida em outra realidade.

Pedro continuava contando outros depoimentos ainda sobre a cama do hospital, o que era mais interessante e assustador, surgia entre uma frase e outra durante seus contos, entrelaçados sobre suas palavras, escapava uma língua diferente da sua língua materna, sem perceber, o jovem pronunciava palavras ou até frases de dialetos hoje extintos pela humanidade

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