Translate

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Arte Abstrata





Seu sangue doce manchava o tapete da sala, em nenhum momento hesitei em ataca- La quando a oportunidade surgiu diante de meus olhos.

Seus olhos assustados como o primeiro golpe, ecoaram na sala quando seu fôlego se fez ausente. Você estava bela como a chuva que regava nosso jardim naquela noite, o vestido branco que usava deu lugar a cor do amor junto a suas lágrimas, a televisão ligada, tocava algo suave, aparentava determinar o ritmo de seu fim e dosar o sorriso em meu rosto diante da certeza do ato.

Deitei seu corpo no tapete já consumido de sangue, a chuva ficara mais intensa, debrucei- me ao seu lado para apreciar seus últimos suspiros. Ela estava gelada, sua pele pálida contornava o chão da sala, olhava distante, aceitando os fatos.

Por fim ela se foi, a mão sobre o ferimento ensaiava estanca- ló, os lábios que um dia proferiram palavras de amor, entregava- se ao branco pálido de sua pele, as pernas semiflexionadas que um dia caminharam por essa estreita estrada do amor, agora fazem parte de uma obra prima ao qual o autor nada mais é que seu próprio marido, porém ainda não a terminei...

A dose de veneno era certa, o frasco do líquido aguardava no braço do sofá, restava apenas executar o detalhe primordial, a dedicatória, logo em seguida consumirei o veneno.

E assim foi...

Quando a polícia encontrou os corpos, notou que o artista plástico John abraçava sua mulher e que um dos braços da moça apontava para a parede onde John deixou sua última mensagem escrita com sangue.

“Entre todas as obras que criei absolutamente nada se comparou a você cujo autor é nada menos que o criador”.

“Entre todos os amores que vivi absolutamente nada se comparou ao nosso, logo decidimos nos casar”.

“Entre todos os erros que cometemos absolutamente nada nos matou tanto quanto sua traição”.







Nenhum comentário: