Seu sangue doce manchava o tapete da sala, em nenhum momento
hesitei em ataca- La quando a oportunidade surgiu diante de meus olhos.
Seus olhos assustados como o primeiro golpe, ecoaram na sala
quando seu fôlego se fez ausente. Você estava bela como a chuva que regava
nosso jardim naquela noite, o vestido branco que usava deu lugar a cor do amor
junto a suas lágrimas, a televisão ligada, tocava algo suave, aparentava
determinar o ritmo de seu fim e dosar o sorriso em meu rosto diante da certeza
do ato.
Deitei seu corpo no tapete já consumido de sangue, a chuva ficara
mais intensa, debrucei- me ao seu lado para apreciar seus últimos suspiros. Ela
estava gelada, sua pele pálida contornava o chão da sala, olhava distante,
aceitando os fatos.
Por fim ela se foi, a mão sobre o ferimento ensaiava
estanca- ló, os lábios que um dia proferiram palavras de amor, entregava- se ao
branco pálido de sua pele, as pernas semiflexionadas que um dia caminharam por
essa estreita estrada do amor, agora fazem parte de uma obra prima ao qual o
autor nada mais é que seu próprio marido, porém ainda não a terminei...
A dose de veneno era certa, o frasco do líquido aguardava no
braço do sofá, restava apenas executar o detalhe primordial, a dedicatória,
logo em seguida consumirei o veneno.
E assim foi...
Quando a polícia encontrou os corpos, notou que o artista
plástico John abraçava sua mulher e que um dos braços da moça apontava para a parede
onde John deixou sua última mensagem escrita com sangue.
“Entre todas as obras que criei absolutamente nada se
comparou a você cujo autor é nada menos que o criador”.
“Entre todos os amores que vivi absolutamente nada se comparou
ao nosso, logo decidimos nos casar”.
“Entre todos os erros que cometemos absolutamente nada nos
matou tanto quanto sua traição”.
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