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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Cigarros e Alice



Encontrei- me obrigada a costurar os retalhos até o fim da noite pois estava certa que esta curva seria onde tua boca encontraria a minha.

Traguei teu rosto com os olhos e não percebi a chuva que escorria sobre a janela do bar. Escapou o momento que você deveria abraçar- me apaixonadamente, ignorando a mesa de carvalho, os copos vazios e estáticos no redondo objeto de madeira respeitando a gravidade sobre eles estabelecida.

Quantos poetas seriam necessários para descrever tua saudade? Saudade essa que nega enquanto engole indiscriminadamente outro drink e repousa teus braços novamente sobre a mesa. Saudades que mesmo ausente de visão encontraria no céu de sua boca ou até mesmo abraçaria ao som de sua voz.

Contraindo cada músculo do corpo, escutando atentamente e sem duvida alguma o quanto não serei importante em sua vida pois passaram- se horas e estou exatamente em direção aos seus olhos e você discursa inflamadamente sobre como não ama o amor, atirando uma aleatória e conflitante mistura de sentimentos que definitivamente não é capaz de lidar, uma saudade em um peito magoado travestida de indiferença.

Pago a conta e ensaio abandona- lo na mesa. Seus olhos grandes indagam meus movimentos, todavia antes que o pobre rapaz pudesse interferir em minhas ações, digo:

  - Saudade não mata, saudade não morre, saudade tem seu lugar no peito e respeito isso, porém tua saudade sentou hoje para acompanhar- me, brindou a liberdade que não desejou, abraçou e sufocou qualquer outra nova oportunidade de contraria- lo, Tornou a mesa o centro de sua tempestade e o mundo ao redor a catástrofe em curso de sua revolta, traduzindo quem lhe ouvia como vítima de sua dor e isso foi desleal por fim.

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