Encontrei- me obrigada a costurar os retalhos até o fim da
noite pois estava certa que esta curva seria onde tua boca encontraria a minha.
Traguei teu rosto com os olhos e não percebi a chuva que
escorria sobre a janela do bar. Escapou o momento que você deveria abraçar- me
apaixonadamente, ignorando a mesa de carvalho, os copos vazios e estáticos no
redondo objeto de madeira respeitando a gravidade sobre eles estabelecida.
Quantos poetas seriam necessários para descrever tua
saudade? Saudade essa que nega enquanto engole indiscriminadamente outro drink
e repousa teus braços novamente sobre a mesa. Saudades que mesmo ausente de
visão encontraria no céu de sua boca ou até mesmo abraçaria ao som de sua voz.
Contraindo cada músculo do corpo, escutando atentamente e
sem duvida alguma o quanto não serei importante em sua vida pois passaram- se
horas e estou exatamente em direção aos seus olhos e você discursa
inflamadamente sobre como não ama o amor, atirando uma aleatória e conflitante
mistura de sentimentos que definitivamente não é capaz de lidar, uma saudade em
um peito magoado travestida de indiferença.
Pago a conta e ensaio abandona- lo na mesa. Seus olhos
grandes indagam meus movimentos, todavia antes que o pobre rapaz pudesse
interferir em minhas ações, digo:
- Saudade não mata,
saudade não morre, saudade tem seu lugar no peito e respeito isso, porém tua
saudade sentou hoje para acompanhar- me, brindou a liberdade que não desejou,
abraçou e sufocou qualquer outra nova oportunidade de contraria- lo, Tornou a
mesa o centro de sua tempestade e o mundo ao redor a catástrofe em curso de sua
revolta, traduzindo quem lhe ouvia como vítima de sua dor e isso foi desleal
por fim.
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