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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Conto de Elizabeth






Elizabeth era uma jovem mulher encantadora, morava em uma pequena cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, seus feitos percorriam como o vento entre os moradores do local, dona de uma personalidade hostil.
A moça possuía olhos castanhos, os cabelos enrolados e negros passeavam com o vento, o perfume anunciava o rastro de sua temida presença, segundo os próprios moradores, Elizabeth era de uma frieza sobre-humana, não havia amor no coração negro da jovem senhorita, eles relatam as feitorias de Elizabeth na pequena cidade, os muros quebrados ou pichados, proclamações de ódio aos religiosos, agressões físicas a moradores, consumo excessivo de álcool, drogas, atentado ao pudor dentre outras agressões aos bons costumes dos pacatos cidadãos.
Elizabeth foi abandonada por seus pais aos 14 anos, viveu com o tio Mike, um alcoólatra que a agredia constantemente até os seus 18 anos quando Elizabeth foi morar com um rapaz, mas o romance não durou dois meses e logo a jovem saiu de casa e aderiu ao estilo ímpar de viver.
A moça tinha um histórico gigante de passagens na polícia local, incomum era o dia em que sua cama não era a da pequena cela do delegado Oswaldo, Elizabeth era suspeita de um acidente de carro criminoso em que cinco pessoas morreram, mas não havia provas para condena- La diante de um juiz e por consequência o caso foi arquivado. Suas incontáveis detenções geravam transtornos aos moradores que temiam por suas vidas com os relatos de tentativa de homicídio onde Elizabeth era apontada como agente ativo das acusações, porém a justiça dos homens emperrava qualquer tentativa de colocar Elizabeth atrás das grades.
Tudo corria como de costume sobre os olhos da garota, porém seu mundo mudaria daquele dia em diante, o ônibus que passava uma vez por dia na cidade trouxe de longe um jovem viajante um tanto quanto curioso. O Rapaz tinha cabelos cacheados e castanhos, a profundidade de seu olhar distante contrastava sua indiferença para com os habitantes, vestido com um Jens rasgado e um tênis velho dirigiu- se para o bar mais próximo da parada e lá pediu uma dose, Elizabeth ofendida por ser o centro das atenções, adentrou ao bar e encarou o rapaz que desprezou a atitude e logo saiu do estabelecimento.
Com a chegada da noite, a moça mastiga lentamente a cena do bar e as atitudes do viajante, nascia ali à primeira paixão verdadeira de Elizabeth.
O sol se apresentou pela manhã e prometia um belo dia quente de verão do interior, a jovem moça partiu para rua sem destino certo, ao atravessar a avenida principal, notou que o viajante encontrava- se no mesmo bar da parada de ônibus, ela foi ao seu encontro. O rapaz jogava bilhar com outro desconhecido quando Elizabeth pegou a mão do jovem e o puxou para fora do local, ela percorreu 10 minutos carregando o rapaz até uma praça pouco utilizada pelos moradores e o viajante sem questionar permitiu ser conduzido. Ao chegar Elizabeth interroga o jovem sobre tudo e ele responde a cada pergunta curiosa da garota, James era o nome do rapaz e ele chegava de uma cidade do interior paranaense, sua vida era transitar de uma cidade para outra sem determinar o tempo de sua estadia, Elizabeth confirmou o que seu coração já havia decretado.
O tempo modelou aquele amor como os ventos desenham a areia das dunas e em menos de um mês eram dois jovens amantes incontestáveis, Elizabeth e James se tornaram um lindo casal e o amor construiu a paz que faltava aos seus corações, eles de alguma maneira se completavam e lapidavam uma nova história, sem prisões ou drogas, era Elizabeth, James e o amor entre eles. James trabalhava como mecânico em uma oficina e Elizabeth em uma lanchonete serviam os turistas e moradores da cidade com um belo sorriso no rosto. Alguns anos se passaram e a vida dos jovens aparentava tomar um rumo diferente da destruição que se encaminhava a passos largos, o fruto de tanta dedicação entre eles resultaram em uma filha, Larissa nasceu saudável e forte como a mãe.
Elizabeth se mostrava grata à vida por tudo que possuía, porém sabia que existiria um preço a ser cobrado de um passado que assombrava seus pesadelos mais profundos e depois de tanto tempo tentaria alcança- La mais cedo ou mais tarde e assim foi...
Em mais um dia de trabalho na lanchonete, tudo corria naturalmente bem, porém durante a tarde surgira dois assaltantes, eles só desejavam o dinheiro e pediram para que Elizabeth o colocasse em um saco de lixo preto, a moça nervosa e vigiada constantemente fez um movimento brusco e derrubou um pote de vidro, os assaltantes assustados, dispararam dois tiros em sua direção, os projeteis acertaram a cabeça e a coluna de Elizabeth que foi socorrida imediatamente, seu quadro era grave, mas ela estava viva. O assalto comoveu a pequena cidade com o seu desfecho trágico, os ladrões desapareceram, James passava horas ao lado da amada em prantos, sua filha crescia e ele a protegia da verdade triste, os médico determinaram a morte cerebral de Elizabeth pouco tempo depois.
Nos dias que se seguiram longos, James tentava criar a filha sozinha, trabalhava o bastante para viver com tempo para ela e sua dor, até que sem autorizar que os médicos desligassem os aparelhos, James partiu da cidade com sua filha para sua terra natal.
Elizabeth, tomada por uma infecção incontrolável de ferimentos causados por escaras de pressão, morreu dois anos depois no hospital.
James e sua filha já crescida compareceram ao velório organizado por parentes desconhecidos da moça, o rapaz chorava e lamentava o destino de sua amada e assim foi até o fim do evento fúnebre.
Os anos passaram como as águas de um rio, Elizabeth se tornou um conto triste na boca dos habitantes da pequena cidade, eles relatam escutar a voz de Elizabeth na casa onde morava com James, procurando por seus amores, misteriosamente a porta da casa que foi abandonada bate sempre as 18:00 horas, horário em que Elizabeth costumava chegar após o trabalho, testemunhas afirmam escutar lamentos durante a madrugada, assim a história da jovem rebelde Elizabeth correu os anos e foi moldada conforme a vontade daqueles que a contavam até cair no esquecimento das gerações que seguiam as décadas.



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