Elizabeth era uma jovem mulher encantadora, morava em uma
pequena cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, seus feitos percorriam como
o vento entre os moradores do local, dona de uma personalidade hostil.
A moça possuía olhos castanhos, os cabelos enrolados e
negros passeavam com o vento, o perfume anunciava o rastro de sua
temida presença, segundo os próprios moradores, Elizabeth era de uma frieza
sobre-humana, não havia amor no coração negro da jovem senhorita, eles relatam
as feitorias de Elizabeth na pequena cidade, os muros quebrados ou pichados,
proclamações de ódio aos religiosos, agressões físicas a moradores, consumo
excessivo de álcool, drogas, atentado ao pudor dentre outras agressões aos bons
costumes dos pacatos cidadãos.
Elizabeth foi abandonada por seus pais aos 14 anos, viveu
com o tio Mike, um alcoólatra que a agredia constantemente até os seus 18 anos
quando Elizabeth foi morar com um rapaz, mas o romance não durou dois meses e
logo a jovem saiu de casa e aderiu ao estilo ímpar de viver.
A moça tinha um histórico gigante de passagens na polícia
local, incomum era o dia em que sua cama não era a da pequena cela do delegado
Oswaldo, Elizabeth era suspeita de um acidente de carro criminoso em que cinco
pessoas morreram, mas não havia provas para condena- La diante de um juiz e por
consequência o caso foi arquivado. Suas incontáveis detenções geravam
transtornos aos moradores que temiam por suas vidas com os relatos de tentativa
de homicídio onde Elizabeth era apontada como agente ativo das acusações, porém
a justiça dos homens emperrava qualquer tentativa de colocar Elizabeth atrás
das grades.
Tudo corria como de costume sobre os olhos da garota, porém
seu mundo mudaria daquele dia em diante, o ônibus que passava uma vez por dia
na cidade trouxe de longe um jovem viajante um tanto quanto curioso. O Rapaz
tinha cabelos cacheados e castanhos, a profundidade de seu olhar distante
contrastava sua indiferença para com os habitantes, vestido com um Jens rasgado
e um tênis velho dirigiu- se para o bar mais próximo da parada e lá pediu uma
dose, Elizabeth ofendida por ser o centro das atenções, adentrou ao bar e
encarou o rapaz que desprezou a atitude e logo saiu do estabelecimento.
Com a chegada da noite, a moça mastiga lentamente a cena do
bar e as atitudes do viajante, nascia ali à primeira paixão verdadeira de
Elizabeth.
O sol se apresentou pela manhã e prometia um belo dia quente
de verão do interior, a jovem moça partiu para rua sem destino certo, ao
atravessar a avenida principal, notou que o viajante encontrava- se no mesmo bar
da parada de ônibus, ela foi ao seu encontro. O rapaz jogava bilhar com outro
desconhecido quando Elizabeth pegou a mão do jovem e o puxou para fora do
local, ela percorreu 10 minutos carregando o rapaz até uma praça pouco
utilizada pelos moradores e o viajante sem questionar permitiu ser conduzido.
Ao chegar Elizabeth interroga o jovem sobre tudo e ele responde a cada pergunta
curiosa da garota, James era o nome do rapaz e ele chegava de uma cidade do
interior paranaense, sua vida era transitar de uma cidade para outra sem
determinar o tempo de sua estadia, Elizabeth confirmou o que seu coração já
havia decretado.
O tempo modelou aquele amor como os ventos desenham a areia
das dunas e em menos de um mês eram dois jovens amantes incontestáveis,
Elizabeth e James se tornaram um lindo casal e o amor construiu a paz que
faltava aos seus corações, eles de alguma maneira se completavam e lapidavam
uma nova história, sem prisões ou drogas, era Elizabeth, James e o amor entre
eles. James trabalhava como mecânico em uma oficina e Elizabeth em uma
lanchonete serviam os turistas e moradores da cidade com um belo sorriso no
rosto. Alguns anos se passaram e a vida dos jovens aparentava tomar um rumo
diferente da destruição que se encaminhava a passos largos, o fruto de tanta
dedicação entre eles resultaram em uma filha, Larissa nasceu saudável e forte como
a mãe.
Elizabeth se mostrava grata à vida por tudo que possuía,
porém sabia que existiria um preço a ser cobrado de um passado que assombrava
seus pesadelos mais profundos e depois de tanto tempo tentaria alcança- La mais
cedo ou mais tarde e assim foi...
Em mais um dia de trabalho na lanchonete, tudo corria
naturalmente bem, porém durante a tarde surgira dois assaltantes, eles só
desejavam o dinheiro e pediram para que Elizabeth o colocasse em um saco de
lixo preto, a moça nervosa e vigiada constantemente fez um movimento brusco e
derrubou um pote de vidro, os assaltantes assustados, dispararam dois tiros em
sua direção, os projeteis acertaram a cabeça e a coluna de Elizabeth que foi
socorrida imediatamente, seu quadro era grave, mas ela estava viva. O assalto
comoveu a pequena cidade com o seu desfecho trágico, os ladrões desapareceram,
James passava horas ao lado da amada em prantos, sua filha crescia e ele a
protegia da verdade triste, os médico determinaram a morte cerebral de
Elizabeth pouco tempo depois.
Nos dias que se seguiram longos, James tentava criar a filha
sozinha, trabalhava o bastante para viver com tempo para ela e sua dor, até que
sem autorizar que os médicos desligassem os aparelhos, James partiu da cidade
com sua filha para sua terra natal.
Elizabeth, tomada por uma infecção incontrolável de
ferimentos causados por escaras de pressão, morreu dois anos depois no
hospital.
James e sua filha já crescida compareceram ao velório organizado
por parentes desconhecidos da moça, o rapaz chorava e lamentava o destino de
sua amada e assim foi até o fim do evento fúnebre.
Os anos passaram como as águas de um rio, Elizabeth se
tornou um conto triste na boca dos habitantes da pequena cidade, eles relatam
escutar a voz de Elizabeth na casa onde morava com James, procurando por seus amores,
misteriosamente a porta da casa que foi abandonada bate sempre as 18:00 horas,
horário em que Elizabeth costumava chegar após o trabalho, testemunhas afirmam
escutar lamentos durante a madrugada, assim a história da jovem rebelde
Elizabeth correu os anos e foi moldada conforme a vontade daqueles que a
contavam até cair no esquecimento das gerações que seguiam as décadas.
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