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domingo, 8 de dezembro de 2013

Funeral






Em meio a tarde, lá estava eu fazendo minhas últimas preces para aquele pobre jovem que havia partido em um acidente de carro.

Não conhecia muito a família do rapaz, na verdade não reconheci quem seria os familiares e procurei não cometer uma gafe indagando sobre o assunto.

Minha mãe estava presente no velório, chorava beirando ao escândalo, não tinha mais contato com ela, brigamos na justiça por posses após o falecimento de meu pai, não me comovi com o teatro.

A noite era questão de tempo, logo chegaram mais conhecidos, gente mascarada amiga de minha família, não me recordo do dia em que fizeram as pazes com minha mãe, na verdade é bem estranho que tantos conhecidos estejam presentes, porém não me admira o rancor imperar sobre seus corações a ponto do desrespeito em não me cumprimentar.

O pequeno funeral de um rapaz desconhecido se tornou um grande evento, tentei ligar para minha esposa, todavia não consegui sinal no celular para tal, o que me recorda de enviar aquela carta mal educada ao presidente da empresa de telecomunicações.

Minhas escolhas teve como consequência o ódio de todos, eles nunca compreenderam que foi apenas negócios, propor um acordo não foi uma maneira suja de cobrar o que era meu de direito, papai estava morto e eu vivo, talvez questionar esse fato durante o velório tenha um tom indelicado, mas tenho uma vida ocupada, ganho dinheiro com o tempo que tenho, apenas notei uma oportunidade no momento, business.

O celular continua sem vida, as pessoas eram todas familiares, não gosto de protagonizar como aqueles que olham o pobre defunto sem saber de quem se trata, mas me senti curioso sobre quem seria esse homem que possivelmente estava tão próximo a ponto de grande parte de a minha família estar presentes e unidos. Logo fui em direção, pouco mais de 20 passos, quando concluí os primeiros 10 passos, surge minha esposa aos prantos, ela arrancou na frente e debruçou sobre o caixão quase o derrubando do suporte, fui correndo ao seu encontro e a grande sensação, o defunto do momento estava sobre a direção dos meus olhos e então a grande surpresa... Era minha face, meu corpo repousava em uma nobre caixa de madeira envernizada, meus olhos continuaram paralisados com a cena, todos aqueles choravam por mim, não fui cumprimentado pois não estava lá presente em carne, aquela batida de carro foi grave...

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